O leite materno é o principal alimento nos primeiros seis meses de vida, além de ser fundamental para a saúde da criança por possuir nutrientes e anticorpos que protegem contra diversas doenças.

A doação dele é o fôlego de vida para muitos bebês prematuros e a esperança de mães aflitas em meio a diversas incertezas. Isso porque, embora toda criança precise do leite materno, nem toda mãe consegue amamentar, seja por conta da prematuridade da gestação ou de alguma outra condição que pode levar à baixa produção ou à falta do leite. 

A instrumentadora cirúrgica Rosicleide do Carmo Pereira Vaccaro é doadora no Banco de Leite Humano de Presidente Prudente (SP). Ela começou a doar há sete anos, quando teve seu segundo filho, e percebeu que sua alta produção poderia ajudar outras mães. 

“Eu comecei a doar porque a minha produção de leite era muito grande, então, eu vi a necessidade do Banco de Leite e decidi ser doadora. Sempre tive o incentivo do meu esposo, da minha família e eu sempre incentivo outras mulheres a doarem também, além de ajudar outras mulheres a amamentarem. Eu tive uma prima que não conseguiu amamentar e vinha em casa buscar o leite para dar para os bebês dela”, conta Rosi, como é chamada pelos amigos e familiares. 

Em 2017, durante a amamentação de seu segundo filho, ela conseguiu doar 306,390 litros de leite ao Banco de Leite Humano. Hoje, amamentando seu terceiro filho, ela tem contribuído mais uma vez, doando esperança desde o dia 24 de janeiro de 2023, com 129,920 litros destinados ao atendimento de recém-nascidos, somando ao todo 436,31 litros fornecidos desde o começo.

Rosicleide, que é mãe de três filhos, diz que sempre trabalhou no centro cirúrgico, que fica ao lado da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal no hospital onde atua. Ela relata que, dessa forma, sempre esteve presente no setor dedicado aos bebês prematuros, onde é possível notar ainda mais a necessidade da doação do leite materno. Além disso, seu segundo filho precisou passar quatro dias na UTI neonatal por ter nascido muito grande, e ela viu ainda mais de perto o cenário.

“O que mais me motiva a continuar doando e ajudando é uma frase que eu vou sempre levar comigo: ‘Para nós, é só leite, mas, para uma mãe que não consegue amamentar, para um bebê prematuro que está na UTI, é vida, é esperança’”, afirma a doadora, de 40 anos.

A coordenadora do Banco de Leite Humano de Presidente Prudente, Adriana Monteiro, menciona que Rosi fez e faz toda a diferença na instituição, e não só por seu leite, mas também pela forma como ela abraça a causa.

“Mulheres como a Rosi são importantíssimas para o Banco de Leite, não só por sua doação, mas por ela sempre incentivar as mães, participar das campanhas. Ela já trabalha, o bebê está grande, e mesmo assim ela está ativa para incentivar outras mães, porque ela sabe da importância desse leite para os bebês terem alta mais rápido. Ela é uma parceira nossa, multiplicadora dessa corrente do bem”, afirma a coordenadora.

Hoje o estoque de leite está razoável por conta das últimas campanhas, mas a coordenadora diz que “não dá para baixar a guarda, porque, nos dias de inverno, a tendência é que o volume de doações diminua". E pior: "Algumas doadoras até param de doar".

Confira um balanço dos últimos anos: 

• Em 2022, foram coletados 1.360 litros, possibilitando que 849 bebês recém-nascidos em unidades de neonatologia fossem atendidos.
• Em 2023, foram 1.671 litros coletados, a maior média dos últimos 12 anos, que alimentaram 897 recém-nascidos hospitalizados.
• Em 2024 até agora, 510 recém-nascidos hospitalizados foram atendidos por meio das doações. No total, 780 litros foram doados no primeiro semestre.

“Para ser doadora aqui em Presidente Prudente, é muito simples. A mãe que é lactante ou puérpera pode ligar para o Banco de Leite Humano, nós pegamos os dados e agendamos uma visita domiciliar. Nesta visita, são feitos o cadastro e a preparação de como ela vai armazenar e ordenhar o leite. Nós fazemos a coleta semanalmente na casa da doadora, então, ela não precisa vir até o Banco de Leite”, explica Adriana.

Doadoras ativas de leite materno, a partir deste mês, passam a ter direito a benefícios como atendimento preferencial em estabelecimentos e meia-entrada. A lei municipal nº 11.426/2024, que garante as vantagens, entrou em vigor na última terça-feira (2) e é uma das formas de incentivo à doação que salva vidas.

A coordenadora lembra por que a conscientização desse ato deve atingir cada vez mais mulheres. 

“A doação de leite materno é extremamente importante para salvar a vida dos bebês que estão nas UTIs, que estão correndo risco de vida, porque é o único que contém anticorpos, células vivas que vão ajudar na imunidade, a vencer as infecções que eles podem adquirir pela fragilidade", conclui a responsável pelo Banco de Leite Humano.

Ainda segundo ela, esse leite reduz em mais de 13% a mortalidade infantil, principalmente, de 0 a 2 anos.

Serviço

O Banco de Leite Humano de Presidente Prudente fica localizado na Avenida Hiroshi Yoshio, sem número, no Jardim Esplanada (ao lado do Hospital Regional).

Telefone/WhatsApp: (18) 3229-1249

Instagram: @bancodeleitepp