Valério Mazzuoli é o 19° pesquisador de direito internacional mais citado no mundo | Foto: Arquivo pessoal
Aos 47 anos, com 26 livros publicados e mais de duas décadas dedicadas ao direito internacional, o advogado prudentino Valério Mazzuoli, que é professor titular da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá (MT), aparece no AD Scientific Index (Índice Científico Alper-Doger) 2025 - World Scientist and University Rankings (Classificação Mundial de Cientistas e Universidades) como o pesquisador de direito internacional mais citado no Brasil (1° lugar), mais citado na América Latina (1° lugar) e o 19° mais citado no mundo.
O ranking reúne universidades e cientistas mais referenciados globalmente, analisando 13 áreas principais e 197 subáreas de atuação em níveis mundial, nacional e regional.
Mazzuoli é graduado em direito pelo Centro Universitário Toledo Prudente, em Presidente Prudente (SP).
“Eu me formei em direito em janeiro de 2001. Eu sempre quis estudar direito e isso me levou a ser aluno do [Centro Universitário] Toledo [Prudente]. Depois, eu tive um incentivo do [advogado] doutor José Pascoal Pires Maciel, que hoje é falecido, mas teve um escritório em Presidente Prudente e foi um grande incentivador para mim. Ele era professor de direito internacional. [...] No ano de 1999, um ano antes de me formar, eu ganhei um concurso nacional, o primeiro concurso nacional de monografias sobre os 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, na PUC Minas [Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais]. Eu ganhei o primeiro lugar nacional e eu estava no quarto ano da faculdade, então, isso me incentivou muito”, lembra o pesquisador ao Portal CBN Prudente.
Além da graduação, o professor possui outras formações acadêmicas relevantes, incluindo um mestrado em direito internacional pela Universidade Estadual Paulista (2003) do campus de Franca (SP), um doutorado na mesma área pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008) e um pós-doutorado em ciências jurídico-políticas pela Universidade de Lisboa (2011). Em 2008, tornou-se professor efetivo da Universidade Federal de Mato Grosso e, recentemente, em 5 de novembro de 2024, foi promovido a professor titular da Faculdade de Direito da UFMT, após 16 anos de dedicação à instituição.
“A minha posição no ranking eu avalio como resultado de um trabalho de 25 anos de pesquisa e estudo no direito internacional, de uma carreira acadêmica que eu consolidei nessa área muito específica do direito. [...] Eu nunca esperei por isso. Todos os méritos e vitórias são resultados de um trabalho que a gente não espera e nem fica competindo, tipo 'eu vou ser o primeiro do ranking', 'eu vou ser o autor mais citado do Brasil ou da América Latina em direito internacional', 'número tal do mundo'. O resultado vem. Pode demorar alguns anos ou algumas décadas, [como no meu caso], um pouco mais de 20 anos, mas o resultado vem e é um trabalho constante”, descreve Mazzuoli.
O pesquisador de direito internacional mais citado na América Latina compartilha alguns dos desafios marcantes que enfrentou ao longo de sua trajetória e relembra, com apreço, as personalidades que o inspiraram em sua carreira.
“[Um dos maiores desafios] foi, no auge do apagão aéreo, fazer doutorado no Rio Grande do Sul morando em Cuiabá, atravessando o país de ponta a ponta. Um outro desafio que eu estou tendo no momento é dar aula na Europa, porque eu estou dando aula em Roma [na Itália], na [Universidade] La Sapienza, no mestrado, e agora em 2025, em março, eu vou dar aula em Paris [na França], na [Universidade] Sorbonne, em junho eu vou dar aula em Estrasburgo [na França], então, esses são desafios, dar aula em italiano, em francês e em inglês, são desafios interessantes na carreira de um acadêmico”, destaca.
“O professor Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros, que já é falecido, [foi e é uma das minhas referências]. Ele foi consultor jurídico do Itamaraty. Eu o levei uma vez para dar uma palestra na Toledo Prudente. E o professor Antônio Augusto Cansado Trindade é uma outra inspiração também, brasileiro e também falecido. [...] Dois brasileiros que tiveram carreiras promissoras. No direito internacional, são duas grandes referências”, enfatiza ele.
Ao longo de sua trajetória, o prudentino publicou 26 livros jurídicos, todos dedicados ao direito internacional e aos direitos humanos.
“Os livros de direito internacional público, privado e direitos humanos são os mais citados, além dos meus trabalhos sobre controle de convencionalidade. Eu tenho um livro sobre controle de convencionalidade das leis, que é uma tese que emplacou muito no STF [Supremo Tribunal Federal], no Tribunal Superior do Trabalho [TST], então, tem sido muito citado”, menciona o advogado.
Neste mês, Valério lançará mais um livro e, para o futuro, seu desejo é seguir dedicado ao direito internacional e à carreira acadêmica, além de desfrutar de mais tempo com a família.
“O livro que eu vou lançar neste ano se chama 'Ensinar direito internacional', que é o meu memorial de professor titular da UFMT, que eu defendi perante a banca e cheguei ao ápice da carreira. Vai ser publicado pela editora Casa do Direito, em Belo Horizonte [MG]”, afirma.
“Espero que no meu futuro eu continue trabalhando, dando as minhas aulas e advogando na área do direito internacional, e curtindo o meu filho, que tem um ano e três meses e está me dando muitas alegrias”, conclui o 19º pesquisador de direito internacional mais citado do mundo.