Bosque Municipal Joana Angélica foi criado há quase 23 anos | Foto: Fernando Gesse
As árvores erradicadas pela Prefeitura de Presidente Prudente (SP) no Parque Higienópolis, na última sexta-feira (10), integravam uma área denominada por lei como Bosque Municipal Joana Angélica. A legislação nº 5.804/2002, de autoria do então vereador Telmo de Moraes Guerra, foi sancionada e promulgada pelo então prefeito Agripino de Oliveira Lima Filho no dia 18 de julho de 2002, há quase 23 anos.
A área está localizada entre as Ruas Ernesto Jorge, Filomeno Antônio Cândido, João Bohac e Coronel José Jacinto, e recebeu o nome de Bosque Municipal Joana Angélica em homenagem a uma jovem prudentina que faleceu, aos 22 anos, em um grave acidente de trânsito.
Segundo dados biográficos do então projeto de lei, Joana Angélica Coimbra Jacintho era moradora de Presidente Prudente, filha de Francisco José Ferreira Jacintho e Irene Coimbra Jacintho. A jovem estudava Psicologia na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), onde cursou o ensino superior durante quase três anos.
Joana praticava montaria em cavalos desde os 13 anos e participou ativamente de rodeios universitários e profissionais em diversas regiões dos Estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
No dia 29 de julho de 2000, a estudante de Psicologia faleceu, aos 22 anos, após sofrer um grave acidente automobilístico na Avenida Washington Luiz.
A Prefeitura de Presidente Prudente removeu do Bosque Municipal Joana Angélica, na última sexta-feira, sete árvores antigas das espécies Eucaliptos (Eucalyptus) e Leucenas (Leucaena leucocephala) sob a justificativa de utilizar a madeira na manutenção de pontes em zonas rurais do município.
O parecer técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semea) alega que as árvores retiradas se tratavam de “exemplares arbóreos exóticos, com grande potencial invasor e inadequados à arborização urbana”.
A reportagem da CBN Prudente solicitou um posicionamento da administração municipal sobre o assunto. Por meio de nota, a Prefeitura respondeu o seguinte:
“A Prefeitura de Presidente Prudente esclarece que as sete árvores removidas são espécies exóticas, classificadas como invasoras. Assim, a retirada das árvores para a realização de reparos nas pontes segue os laudos técnicos e está em conformidade com a legislação vigente”.
De acordo com o empresário e morador do Parque Higienópolis, Fernando Gesse, está ocorrendo um descaso com a natureza.
“As árvores removidas são centenárias e nada justifica extraí-las para arrumar pontes na área rural. Por que não localizaram outras árvores de lá que poderiam ser removidas para tal finalidade? Agora, eles dizem que era um projeto do governo anterior, e até existiu mesmo tal projeto, mas o bom senso não o fez andar. A autorização para a remoção veio da Semea no dia 8 de janeiro, então, o projeto passou a ser deles [da gestão atual]. Quando o secretário de Meio Ambiente [Wilson Portella Rodrigues] foi confrontado, ele disse que precisava ver o projeto, o que é meio estranho, pois quem assinou foi seu subalterno”, pontuou o morador.
Ainda segundo Gesse, a manutenção do Bosque Municipal Joana Angélica está precária.
“As árvores estão caindo pela calçada e agora temos uma clareira aberta, pois os tratores entraram e patrolaram uma grande área, afetando a flora e a fauna do local. Ali existem várias tocas de gambás, tatus e teiús. É um descaso para com nós moradores”, concluiu o empresário.