Professor Agripino de Oliveira Lima Filho (1931-2018) | Foto: Arquivo/TV Fronteira
Agripino de Oliveira Lima Filho, que nasceu em 31 de agosto de 1931, se estivesse vivo, neste sábado (31), completaria 93 anos de idade. O legado deixado pelo educador e homem público é lembrado por amigos que conviveram diretamente com ele e acompanharam toda a trajetória de vida do empreendedor que mudou a história de Presidente Prudente (SP). Agripino, que faleceu aos 86 anos, em 7 de março de 2018, foi vereador, deputado estadual, deputado federal, vice-prefeito e, por três mandatos, prefeito da maior cidade do Oeste Paulista.
O médico Henrique Liberato Salvador disse que se sente muito feliz em estar falando de seu grande amigo e que se emociona em lembrar-se dele.
“Nunca, nunca neguei de que ele foi o meu segundo pai. O meu pai biológico, Humberto Salvador, eu devo tudo a ele, foi quem me ensinou os caminhos da vida. O segundo foi o Agripino. A convivência com ele era uma aula a cada dia que a gente estava com ele”, salientou.
Especialista em otorrinolaringologia, Henrique Salvador foi secretário municipal de Saúde de Presidente Prudente e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).
O médico disse que conheceu o professor Agripino quando ainda era estudante de medicina na cidade de Curitiba (PR) e foi procurá-lo para comprar um carro. Ele era advogado e tinha escritório na Rua Rui Barbosa.
"Passado um tempo, meu pai me liga e fala que aquele nosso amigo do carro me procurou e quer uma reunião comigo, mas eu queria que você viesse aqui pra Prudente para ele explicar o que ele está bolando. Vim de Curitiba para cá e a proposta era para meu pai comprar uma cota que ele tinha bolado a Apec [Associação Prudentina de Educação e Cultura", contou Salvador.
"O professor Agripino falou assim para mim: 'Convence seu pai a comprar a cota que um dia você pode ser o diretor da Faculdade de Medicina'. Quantas vezes saíamos fazendo campanha na região e chegávamos por volta da meia-noite, uma hora da manhã, e o Adilson, que trabalhava na casa dele, tinha deixado o jantar em panelas em cima do fogão, para esquentarmos a comida e ele dizia: 'Não vamos perder tempo, não, vamos comer frio mesmo o arroz, o feijão, o ovo, frio'. Do professor Agripino, vou resumir uma coisa... Você já ouviu a frase: 'Não dê o peixe, ensine a pessoa a pescar'? Quantas pessoas aprenderam a pescar e que hoje são sucessos profissionais, são oriundas da formação profissional da Apec? Não sei, mas são milhares que aprenderam a pescar através da Apec”, disse o médico Henrique Salvador.
Já o professor Eustásio de Oliveira Ferraz lembrou do dia em que Agripino falou para ele que iria construir um hospital com mil leitos.
“Eu falei: 'Agripino, você está sonhando'. Aí o Henrique Salvador disse a ele que leito não é cama, leito é a cama com paciente, enfermeiro e pessoal de apoio. Aí ele disse: 'Então, não vamos fazer mil, vamos fazer quinhentos'. Quando estavam para construir a capela do campus 2 [da Unoeste], eu sugeri ao Agripino que era pra colocar os santos da capela do lado de fora para ter mais espaço para as pessoas e ele pediu para o engenheiro providenciar os santos para colocar no entorno da capela", explicou.
"O Agripino escalou montanhas escorregadias, ele passou por muitos Gólgotas, muitos sofrimentos, mas ele encontrou a glória dele, ele era um homem rígido, ele venceu”, afirmou.
O professor, que também é advogado, disse que também trabalhou para Agripino em processos relacionados ao direito eleitoral.
“Foi um homem de trabalho hérculo, vontade férrea e deixou, vamos dizer assim, um semblante de Presidente Prudente que tem a caligrafia, tem a gramática de trabalho do professor Agripino”, finalizou Ferraz, que foi secretário municipal de Educação de Presidente Prudente.
Confira os depoimentos no vídeo a seguir:
O padre José Altino Brambilla acompanhou de perto Agripino na paróquia que o professor frequentava aos domingos, no Parque dos Pinheiros, em Álvares Machado (SP).
"Ele sempre buscava, e eu conversava muito com ele sobre as leituras que ele fazia da sagrada escritura. Ele tinha também um quê muito grande com São Francisco. Eu lembro uma vez que eu passei um livro de São Francisco para ele ler. Era um homem profundamente interessado nas coisas da fé", lembrou o religioso.
Outro amigo do professor, Inocêncio Erbella, que foi prefeito de Presidente Venceslau (SP), recordou a conexão que os dois tinham, especialmente em assuntos relacionados à educação.
"Muita gente pensa que foi a política que nos ligou, mas não é verdade. Foi a educação. Certo dia, quando eu era prefeito de Presidente Venceslau, eu fui visitar o Agripino em Presidente Prudente. Ele era presidente também de uma associação que cuidava de ensino. E ali, naquele instante, trocando ideias, surgiu uma amizade que seria eterna. Nós passamos a conviver, fomos tantas vezes juntos a Brasília [DF]. [...] Ficávamos no mesmo hotel, pegávamos o mesmo carro e defendíamos as mesmas ideias", afirmou Erbella.
Confira as entrevistas completas no vídeo abaixo:
O sobrinho de Agripino Lima, Sérgio Lopes, descreve como o tio era um visionário com convicções bem estabelecidas.
"Uma coisa que sempre marcou foi a visão dele, como empreendedor, de futuro. Muitas vezes, ele falava coisas que ninguém entendia e, hoje, a gente entende, como o visionário que ele sempre foi. Quando ele construiu o HU, que hoje é o HR, todo mundo dizia: 'Mas por que uma coisa tão grande? Por que um investimento tão caro? Tão pesado?', e quando falavam pra ele isso, ele falava: 'Eu não penso mais em dinheiro, eu não penso nessa obra como dinheiro, essa obra é para o povo. Se eu pensasse em dinheiro, eu construía um resort no Nordeste'. A visão dele era sempre para o futuro. E o hospital é isso, passando até pela pandemia, ninguém imaginava que o HR, por exemplo, iria suportar a quantidade de pacientes, e hoje, é a salvação de Presidente Prudente e região. Ele sempre foi um grande visionário", afirma Lopes.